- janeiro 7, 2024
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- Category: Notícias
Passado um ano dos atos que culminaram na invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, a esmagadora maioria dos eleitores brasileiros desaprova o episódio ocorrido em 8 de janeiro de 2022, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada neste domingo (7).
De acordo com o levantamento, 89% dos entrevistados disseram repudiar as cenas observadas naquela data. O contingente é um pouco menor do que o verificado em fevereiro do ano passado (94%), ainda no calor dos acontecimentos. De lá para cá, o percentual de eleitores que dizem aprovar as inéditas invasões oscilou de 4% para 6% – dentro do limite da margem de erro, que é de 2,2 pontos percentuais.
Segundo o levantamento, a aprovação aos atos é maior entre os eleitores da região Sul (9%), com renda familiar mensal de até 2 salários mínimos (7%), que votaram em Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições presidenciais (11%) e que avaliam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de forma negativa (13%).
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Já a desaprovação é maior entre eleitores do Nordeste (91%), com nível de escolaridade a partir do Ensino Superior incompleto (91%), renda familiar mensal acima de 5 salários mínimos (91%), que declaram voto em Lula (94%) e que avaliam positivamente a atual administração (93%).
Em todos os recortes do eleitorado oferecidos pela Genial/Quaest, os percentuais de desaprovação aos atos sofreram uma queda, ainda que em muitos casos dentro da margem. Já no caso da aprovação permaneceram estáveis apenas os percentuais para eleitores do Centro-Oeste/Norte (6%), com renda familiar superior a 5 salários (5%).
As flutuações nos números, porém, não representam uma mudança de paradigma. “A rejeição aos atos do 8/1 mostra a resistência da democracia brasileira. Diante de tanta polarização, é de se celebrar que o país não tenha caído na armadilha da politização da violência institucional”, ressalta o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest.
Embora reconheça semelhanças entre o 8 de Janeiro e a invasão ao Capitólio, sede do Congresso nos Estados Unidos, Nunes destaca que o caso brasileiro marca maior resiliência do repúdio aos atos sob o efeito da passagem do tempo.
“Dados de pesquisas YouGov mostram que em janeiro de 2021, logo depois da invasão do Capitólio, 9% dos americanos aprovavam fortemente os atentados (no Brasil foram 4%). Em janeiro de 2022, um ano depois, esse percentual passou para 14% (no Brasil, chegou a 6%, menos da metade), e em janeiro de 2023 chegou a 20%. Só entre os eleitores republicanos, 32% apoiavam a invasão que tentou impedir a confirmação de Joe Biden como presidente dois anos depois”, compara.
Autor do livro “Biografia do abismo – como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil”, escrito em parceria com o jornalista e analista político Thomas Traumann, o especialista pontua que as narrativas em torno dos atos nos Estados Unidos foram mais partidarizadas do que no Brasil.
Segundo a Genial/Quaest, em um intervalo de pouco menos e um ano, caiu de 51% para 47% o percentual de eleitores que entendem que Bolsonaro teve algum tipo de influência sobre os atos de 8 de janeiro. Já o grupo dos que pensam o contrário subiu de 38% para 43%. No caso de eleitores da região Sul, com nível de escolaridade e renda mais elevados e avaliação negativa do atual governo, a defesa a Bolsonaro é majoritária.
O levantamento também mostrou que, no mesmo período, caiu de 42% para 37% o percentual de entrevistados que entendem que os participantes das invasões em Brasília representam os eleitores de Bolsonaro. Por outro lado, passou de 49% para 51% grupo daqueles que os veem como radicais alheios ao bolsonarismo.
Entre os que dizem ter votado em Lula no segundo turno, 59% associam os participantes dos atos ao eleitorado de Bolsonaro. Já entre aqueles que apoiaram a reeleição de Bolsonaro, 81% entendem o contrário.
A Genial/Quaest ouviu 2.012 brasileiros em idade para votar, residentes das 5 as regiões, entre os dias 14 e 18 de dezembro de 2023. O nível de confiança do levantamento é de 95% – o que significa dizer que, se ele tivesse sido realizado mais de uma vez dentro de condições e período de coleta idênticos, esta seria a probabilidade de o resultado se repetir dentro do limite da margem de erro.
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