- setembro 13, 2023
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- Category: Notícias
A Petrobras (PETR4) detalhou nesta quarta-feira (13) os seus nada modestos planos para a produção de energia eólica em alto-mar (“offshore”), que ainda não está regulamentada. Em uma tese que coloca a maior empresa do país como indutora da cadeia, a Petrobras investirá R$ 130 milhões para a WEG (WEGE3) acelerar a fabricação de aerogeradores e ganhar expertise para o desafio em alto-mar. Em contrapartida, a estatal terá prioridade na compra de equipamentos e receberá royalties pela venda dos aerogeradores fruto da parceria.
“A Petrobras ‘chegou chegando’ no setor eólico. A gigante do petróleo brasileiro também deve ser gigante na transição energética”, bradou o presidente da companhia, Jean Paul Prates. “Nós estamos prontos para entrar no jogo.”
A estatal anunciou que já protocolou 10 pedidos para exploração de energia eólica no mar brasileiro. Sete projetos estão no Nordeste, dois no Sudeste e um no Sul. Com isso, a Petrobras sinaliza a intenção de produzir 23 gigawatts, superando todas as outras empresas que estão na lista do Ibama. Entretanto, vale lembrar que não existe ainda uma regulamentação para a outorgas para eólicas offshore. Tramita no Congresso um texto do então senador Jean Paul Prates – o próprio – para definir o tema. O agora Jean Paul CEO prevê que o tema seja resolvido por seus antigos colegas no primeiro semestre de 2024.
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Outra dúvida é sobre a viabilidade econômica dos projetos. Conforme mostrou o IM Business, há certo pessimismo com o setor diante dos atuais níveis do preço de energia, em uma faixa de R$ 70 a R$ 100 por quilowatt hora, que tornam investimentos em eólicas menos atrativos. Se para colocar de pé uma usina eólica onshore (em terra firme) seria necessário um valor acima de R$ 200 por quilowatt hora, esse valor seria o triplo para projetos em alto-mar. Especialistas apontam que somente uma mudança estrutural de consumo poderia fazer com que os preços da energia tragam apelo aos projetos. O CEO da Petrobras reconhece o desafio, mas lembra que as desconfianças sobre rentabilidade também existiam no início do pré-sal.
“Temos que ser impulsionadores, mas sem fazer caridades. A Petrobras não fará maluquices [nos projetos offshore]. Sabemos que o mercado tem um olhar imediatista e faz seus cálculos a valor presente. Nós passamos isso no pré-sal, em que ele não seria viável se o barril do petróleo não chegasse a determinado valor – e hoje é a nossa maior fonte de petróleo”, lembra Prates. “Vamos ter ganhos tecnológicos [com o investimento na WEG] e vamos ser competitivos. No futuro, a Margem Equatorial [área priorizada pela Petrobras nos pedidos junto ao Ibama] será a área mais atrativa do mundo e terá um custo baixo.”
Diferentemente do pregão de 8 de novembro de 2007, data em que a Petrobras anunciou o potencial de produção do campo Tupi e viu suas ações dispararem 14,2%, o mercado não reagiu com o mesmo entusiasmo com o “pré-sal eólico”. Nesta quarta-feira, as ações da estatal fecharam com recuo de 1,5%, a R$ 33,03 – no ano, o papel sobe 66,3%.
Em outra frente, o diretor de transição energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, reforça que já existem estudos indicando que o Brasil tem condições de oferecer o hidrogênio verde mais barato do mundo em 2030. “Se isso for verdade, o Brasil vai precisar de um ‘caminhão’ de energia para atender as mais diversas indústrias”. Segundo ele, no setor de infraestrutura, falar de três anos à frente já é passado. “Temos que olhar ainda mais adiante. Os grandes vencedores são as empresas e os países que arriscaram, obviamente em uma visão baseada em dados”, acrescenta.
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Sem capex definido, uma vez que os projetos estão em fase iniciais, Tolmasquim segue a cartilha do CEO e reforça que ser visionário não significa queimar caixa. “A Petrobras só vai entrar em projetos que o valor presente líquido é positivo, não vamos investir se não for rentável. Mas nossa obrigação é estudar.”
Por fim, o custo dos equipamentos também é tema de preocupação. Com a saída de grandes fornecedores do país, como GE e Siemens, por conta da escalada de custos das matérias-primas, as empresas ficaram em compasso de espera para saber quais seriam os próximos passos das fabricantes. “A situação já se normalizou, os preços dos aerogeradores subiram e as commodities [aço e alumínio, em especial] estão se estabilizando. Estamos com vida um pouco mais fácil”, afirma João Paulo Gualberto da Silva, diretor da WEG, empresa que viu suas ações subirem 3,6%, sendo uma das principais altas do Ibovespa nesta quarta-feira.