- agosto 22, 2022
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- Category: Notícias
O Ibovespa fechou em queda de 0,89% nesta segunda-feira (22), aos 110.500 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira recuou, mas teve desempenho melhor do que os seus pares americanos.
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 1,90%, 2,13% e 2,55%.
Segundo especialistas, há uma série de fatores que, combinados, estão aumentando a aversão ao risco em todo o mundo – o VIX, considerado o “índice do medo”, saltou 16,26%, aos 23,95 pontos, no maior patamar desde o início de julho.
“O movimento de aversão ao risco lá fora continua bem acentuado. O trigger [catalisador] principal está sendo a Europa. O Velho Continente está enfrentando inflação e preocupações com o seu crescimento. Os mercados, com isso, estão realizando o rally dos últimos 30 dias”, comenta Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital.
Fabio Louzada, economista fundador do Eu me banco, destaca o fato de o euro ter se desvalorizado em relação à moeda americana – a divisa fechou o dia valendo US$ 0,99. “Isso acontece devido ao temor de recessão e inflação alta nos países da União Europeia. Tivemos o Joachim Nagel, dirigente do Banco Central Europeu (BCE), dizendo que a instituição deve continuar aumentando os juros, ainda que o risco de recessão seja grande”, contextualiza.
No Reino Unido, trabalhadores de portos e do transporte público fazem greves. Na França, o presidente Emanuel Macron pressionou o Carrefour a congelar o preço de 100 produtos.
Na China o clima também é de apreensão. Uma onda de calor, nos últimas dias, vem fazendo o governo restringir o uso de energia e impacta também as lavouras do país.
“O setor de mineração e siderurgia brasileiro cai por conta da interrupção da produção siderúrgica na China, com as ondas de calor. Tivemos leve realização do preço de commodities, com o minério recuando”, destaca Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.
Entre as maiores baixas por peso do Ibovespa, ficaram as ações ordinárias da CSN (CSNA3), com menos 3,90%, e as da Vale (VALE3), com menos 1,63%. As preferenciais da Gerdau (GGBR4) caíram 2,57%.
Larissa Quaresma, especialista da Empiricus, pontua que, apesar de derrubar o preço das commodities metálicas e do petróleo, a seca na China fez o valor das commodities agrícolas avançarem – o que pode pressionar os índices de inflação, que já estão com problemas em seus núcleos.
“Ainda lá fora, nos Estados Unidos o mercado virou o humor. A narrativa, com otimismo com uma inflação controlada e com Fed sendo mais brando na alta de juros enfraqueceu após pronunciamentos de membros chave do Fed. Isso fez o mercado rever o otimismo exagerado”, comenta a especialista. “Ao que tudo indica, o Fed vai continuar subindo juros, e talvez em um ritmo ainda forte, de 75 pontos-base. O mercado está no aguardo das falas do Powell que acontecem na conferência de Jackson Hole, no final desta semana”.
A curva de juros americana avançou em bloco. Os treasuries para dez anos tiveram seus rendimentos subindo quatro pontos-base, para 3,029%. Os para dois anos foram a 3,325%, com alta de seis pontos.
“No Brasil, ao longo deste ano, os rallys foram puxados pelo fluxo estrangeiro. Essa que acabou de acontecer no último mês também foi. Ao que tudo indica, o investidor local ainda está subalocado. Com a piora lá fora, o reflexo por aqui acaba sendo inevitável”, diz Quaresma.
Os juros futuros brasileiros, no entanto, tiveram altas menores do que o registrado no exterior. Os DIs para 2023, inclusive, fecharam com sua taxa recuando um ponto, para 13,73%. Os contratos para 2025 e 2027 viram seus rendimentos avançarem, na sequência, um e quatro pontos-base, para 12,09% e 11,83%. Os contratos para 2029 registram alta de seis pontos do seu rendimento, para 11,98%, e os para 2023 de seis pontos, indo a 12,08%.
“O Ibovespa, apesar da queda lá fora, caiu menos, bem como o real, que está com uma performance boa. O mercado está apostando que o Brasil subiu o juros antes, teve corte de impostos, corte do preço de combustíveis. Há a sensação de que o pior já passou por aqui”, complementa o gestor da Galapagos.
Apesar de o DXY, índice que mede a força do dólar frente a outras divisas de países desenvolvidos, ter avançado 0,71%, aos 108,94 pontos, a moeda americana fechou estável frente ao real, a R$ 5,166 na compra e a R$ 5,167 na venda, com uma leve variação negativa de 0,03%.
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