Ibovespa recua 1,09% nesta sexta, repercutindo Powell, mas sobe na semana; dólar cai frente ao real, na contramão do mundo

O Ibovespa fechou em queda de 1,09% nesta sexta-feira (26), aos 112.298 pontos. O principal índice da bolsa brasileira acompanhou o que foi visto nos Estados Unidos, mas conseguiu fechar a semana no verde, com alta de 0,73%.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 3,03%, 3,37% e 3,94%. Os treasuries yields de dez anos avançaram 1,3 ponto-base, para 3,037%, e os de dois anos foram a 3,391%, com alta de 1,7 ponto.

“Hoje os mercados caem, principalmente lá fora, com Jackson Hole e as falas de Jerome Powell [diretor do Federal Reserve] vindo mais duras do que o esperado. Nosso time macro tinha a expectativa de que ele teria uma fala mais dúbia, mais disperso, sem dar muitos indicativos”, comenta Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos.

Em fala em evento anual do Fed, o diretor da instituição monetária dos Estados Unidos, maior economia do mundo, destacou o foco em reduzir a inflação, com política monetária apertada por algum tempo e com um possível período de crescimento abaixo da tendência.

“Acabou que teve um discurso mais agressivo. Falou o que tinha de ser falado, mas é que o comportamento recente não tinha sido assim. A inflação americana pede isso, uma dureza maior da autoridade monetária, se não ele perderia outro problema da inflação, que é a ancoragem”, completa Serra. “Muitos no mercado foram pegos de surpresa”.

Fernando Bresciani acrescenta que, além de Jackson Hole, o mercado mundial tem mais motivos para ficar em alerta – na próxima semana, o presidente russo Vladimir Putin volta a cortar o abastecimento de gás para a Europa; na China, uma onda de calor continua afetando a produção, trazendo ameaça energética e destruindo lavouras.

O DXY, índice que mede a força do dólar frente a outras moedas de países desenvolvidos, subiu 0,31%, aos 108,81 pontos. Frente ao real, a moeda americana, no entanto, caiu 0,67% nesta sexta, a R$ 5,077 na compra e a R$ 5,078 na venda.

“As moedas centrais desvalorizaram frente ao dólar, os emergentes foram melhores e o real outperformou [teve um melhor desempenho frente] os emergentes”, comenta Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital. “Começamos a semana com os treasuries yields abrindo bastante, por conta de Jackson Hole, isso causando um pouco de volatilidade na moeda e no juros no mundo todo, mas com o Brasil se comportando como destaque positivo”.

De acordo com Guarda, o Brasil vem se destacando por conta de dados macroeconômicos, mesmo em um cenário de incertezas causado pelas eleições. O dólar, na semana, caiu 1,7% frente ao real.

“No juros, terminamos a semana como começamos. IPCA-15 trouxe deflação menor do que o esperado, o que trouxe realização na curva. Outro fato foi o Tesouro Nacional fez leilões expressivos e grandes, causando certa indigestão”, explica. “O DI não fechou como o câmbio, o movimento de juros na semana foi resposta aos dois eventos locais e ao movimento dos treasuries, mas também não subiu, o que vejo como positivo”.

Nesta sexta-feira, a curva de juros fechou mista. O DI para 2023 teve seu rendimento subindo um ponto-base, para 13,73%, bem como o para 2031, que foi a 12,05%. No meio da curva, os DIs para 2025, 2027 e 2029, porém, registraram quedas de 12, seis e dois pontos, a 11,98%. 11,79% e 11,94%, na sequência.

Entre as maiores altas do Ibovespa desta sexta-feira, ficaram as ações preferenciais da Alpargatas (ALPA4), repercutindo ainda comentários do CEO de ontem, com alta de 7,18%. As ações ordinárias do GPA (PCAR3) e da Cielo (CIEL3) vieram na sequência, subindo 3,02% e 2,25%.

Entre as altas por peso, destaque para as companhias  de petróleo, com investidores ainda monitorando as ameaças de corte de produção de petróleo de autoridades da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram, respectivamente, 1,08% e 1%.

Do lado vermelho do Ibovespa, ficaram as ações ordinárias da Natura (NTCO3), com menos 6,73%, as preferenciais série A da Usiminas (USIM5), com menos 6,67%, e as ordinárias da CSN (CSNA3), com menos 5,95%.

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